COINCIDÊNCIA OU SORTE???
Como eu disse no ESTA SOU EU!, ali, à direita do blog, não sou escritora nem pretendo ser. Fiz este blog por curiosidade e ele passou um ano desativado, como podem ver pela data da primeira postagem e da seguinte.
Agora resolvi dar uma movimentada nele e vou escrever passagens da minha vida que me marcaram, emocionaram ou foram, simplesmente, engraçadas, no meu ponto de vista, claro, esperando que sejam para vocês também. Entre uma e outra baboseira que escrever, vou postando coisas de outras pessoas, desde que goste ou ache útil.
Hoje vou contar um caso que aconteceu comigo há alguns anos e que não sei classificar se foi coincidência ou sorte.
Digitadora |
Eu era secretária de diretoria e os diretores eram, hierarquicamente, um cargo logo abaixo do superintendente e do superintendente adjunto. Fui secretária do Diretor de Incentivos, que lidava com o dinheiro do Finor, que financiava os empreendimentos e depois fiquei em uma única diretoria, a de Infra-Estrutura, que mudou de nome algumas vezes, como também de diretor, só não de secretária, que era eu.
Recepcionista |
Pois bem, nesse cargo eu falava com vários deputados de todo o Nordeste e de MG também, já que o Norte daquele Estado também fazia parte da área de abrangência das ações da Sudene. Na época meu chefe era Marcelo Cabral, um cabra muito decente e correto, com quem eu tive o maior prazer de trabalhar. Ele era tão decente que enfrentou o General Nilton Rodrigues, um linha dura, que foi superintendente da Sudene, numa reunião com todos os diretores e ali mesmo, na frente de todo mundo, pediu demissão do cargo por não aceitar uma imposição do General. Grande Marcelo Cabral!
Em MG havia um deputado chamado Fernando Diniz, que ligava muito para falar com Marcelo Cabral para tratar dos projetos de infra-estrutura do seu Estado. Ele era muito educado e sempre falava comigo antes de falar com o chefe.
Secretária |
Nós, as secretárias da Sudene fizemos muitos cursos de reciclagem, assim como participamos de congressos, seminários, simpósios, etc, tudo para aprimorar o nosso desempenho na função. Muitos desses cursos aconteceram na Escola Nacional de Administração Pública – ENAP, sediada em Brasília, no final da Asa Sul. Eu fiz uns 3 ou 4 cursos lá.
Em 1993, em plena CPI para apurar o caso dos anões do orçamento, fui fazer um desses cursos na ENAP. E eu tinha muita vontade de ir até o Congresso para tentar assistir uma sessão plenária normal, assim como uma sessão da CPI. E fui.
Turma do Curso de Atualização para Secretários, na ENAP, em 1993 |
Mas voltemos à Brasília. Como só tinha aula na ENAP pela manhã, uma tarde fui até o Congresso tentar entrar no plenário para assistir uma sessão. Na portaria falei com um recepcionista e ele me disse que não seria possível, a não ser que eu conhecesse algum deputado que pudesse me introduzir no plenário. Lembrei imediatamente de José Múcio. Perguntei onde era o gabinete dele e o rapaz me informou que ficava no prédio anexo. Desisti de ir procurá-lo porque era em outro prédio. Quando já estava indo embora, voltei e perguntei por Fernando Diniz, aquele de MG e com quem eu falava sempre por telefone. Qual não foi a minha surpresa quando o rapaz me disse: “ele está passando atrás da senhora neste exato momento”. Quase não acreditei!
Foto do Plenário da Câmara, sem flash para não chamar a atenção |
Mas as coincidências ou sorte, sei lá, não pararam por aí.
Na noite desse dia fui a um barzinho com a minha amiga Help, servidora da Sudene em Brasília e que estava me hospedando na casa dela. No barzinho encontramos José Eugênio Monteiro, que foi casado com uma ex-colega minha do curso de jornalismo, funcionário da Caixa, parceiro de João Nogueira na música Nó na madeira e um bebedor dos bons! Ficamos papeando com ele, que já estava um pouco alto e eis que chega Roberto Freire, que tinha sido paraninfo da minha turma de Secretariado Executivo e eu, que era da comissão de festa, fui a encarregada de ir fazer o convite a ele e de recepcioná-lo no dia da colação de grau.
Praça dos Três Poderes, em frente ao Palácio do Planalto |
No dia seguinte foi uma festa no curso quando contei que tinha assistido a uma sessão da Câmara. Me chamaram de afoita, metida, enxerida e coisas afins.
À tarde, resolvi voltar ao Congresso, dessa vez para tentar entrar na sessão da CPI dos anões do orçamento. Era querer demais, né não? Demais ou não, eu fui!
Assim que desci do ônibus, caiu o maior toró e eu fiquei quase encharcada. Mesmo assim fui atrás do meu objetivo. Como já sabia dos caminhos lá de dentro, fui direto a um banheiro para me enxugar um pouco e me recompor depois do toró. Fiz isso e saí do banheiro pensando no que faria para chegar à CPI e entrar.
Quando já estava do lado de fora e me encaminhando para os lados da sala da CPI, eis que surge na minha frente Roberto Freire! Quase não acreditei! Fui cumprimentá-lo cheia de más intenções.
Perguntei se lembrava de mim da noite anterior e ele disse que sim. Aí, na maior cara-de-pau, disse a ele que queria ver a sessão da CPI dos anões. Sem problema, disse ele também. Sorte demais, né não? Saímos então para os lados da sala da CPI, não sem antes ele parar duzentas vezes para conversar com os colegas que encontrava (Genoíno, Mercadante, que eu acho um lindão também e outros que não lembro agora).
No Panteão da Liberdade |
Entramos pela parte de trás da sala, onde ficava a imprensa e no exato momento em que Roberto Magalhães, Deputado por Pernambuco e relator da Comissão, apresentava um cheque que um dos envolvidos tinha recebido como propina. Freire me largou lá e saiu pela outra porta para resolver suas coisas. Permaneci na sala por umas 2 ou 3 horas ainda, junto aos jornalistas e bem quietinha, quase invisível, para não me expulsarem.
No outro dia foi outro fuzuê e mais brincadeiras dos colegas de curso por conta da minha audácia e da minha sorte.