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Mais do que alfabetizar, é preciso...

... despertar nas crianças o prazer da leitura

                                                                                                                                                                                por Ilan Brenman*



Todos sabem que a aquisição da habilidade da leitura é vital em qualquer sociedade ocidental. Os signos gráficos encontram-se por todos os lados e sua decifração é o primeiro passo em direção a uma inclusão social, por isso a escola tornou-se fator decisivo na vida de milhões de pessoas.

 A experiência na aprendizagem de leitura, que a criança vive dentro da escola, é determinante para sua vida em geral. Na maioria dos lares, as famílias não conseguem criar um ambiente propício a uma aproximação significativa com a experiência da leitura, o que deixa à escola o peso dessa responsabilidade. A criança, ao entrar no circuito educacional, começa a perceber o grau de importância que se dá a esta habilidade chamada leitura.

Dentro da sala de aula, a criança poderá desabrochar para o mundo dos significados, ou ficar apenas na superfície plana das palavras. Grande parte desse processo dependerá de como o professor apresentará a leitura e a literatura aos seus alunos. Caso a aprendizagem da leitura se vincule a processos prazerosos, relacionados com a vida real e imaginária do aluno, o esforço exigido na sua aprendizagem terá algum sentido, já que levará o sujeito a um canal  inesgotável de informação, conhecimento, divertimento, crescimento etc.

A alfabetização das crianças pequenas tem sido executada de forma tal que leva os alunos a acreditarem que essa tarefa, que exige esforços de todos, seja importante somente para a decifração de textos, o que muitas vezes não tem relação alguma com seus anseios e sonhos.

Percebemos, muitas vezes, que os próprios professores não mostram interesse pelos textos escolhidos para alfabetizar; acabam escolhendo textos pobres em repertórios linguísticos, que menosprezam a inteligência alheia, o que não impede, porém, que cumpram a função de alfabetizar uma porcentagem da classe.  Com certeza, os alunos, depois de muito esforço em cima destes textos, aprendem a identificar e a vocalizar palavras, mas o preço a ser pago nesse processo é a sensação de um trabalho árduo realizado com poucas gratificações e parco envolvimento.

Somente professores desejantes de literatura poderão favorecer o desabrochar de alunos desejantes de leituras significativas. Os professores talvez ressaltem muito aos seus alunos a importância prática da leitura, e deixem de lado o valor ilusório essencial dessa prática, ou seja, do compartilhamento de segredos adultos guardados por séculos dentro dos livros. Como bem disse o educador Ezequiel Teodoro da Silva, “sem professores que leiam, que gostem de livros, que sintam prazer na leitura, muito dificilmente modificaremos a paisagem atual da leitura escolar”.

 * Ilan Brenman é psicólogo, consultor nas áreas de educação e cultura, doutorando em Educação pela USP e contador de histórias profissional.

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