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DALINHA CATUNDA, ZEALBERTO COSTA E ROSÁRIO PINTO














OITO PÉS DE QUADRÃO

DALINHA CATUNDA
Quando pego meu cinzel
Para esculpir um cordel
Galopo feito um corcel,
Dispara a imaginação.
Sem dispensar a magia
Transbordando de alegria
Gravo minha poesia
Com grande satisfação.
*
ZEALBERTO COSTA
Também sou apaixonado
Por cordel cadenciado
Rimado e metrificado
Lá no fundo da cachola,
Debochado ou moralista
No livro do Cordelista
Na boca do repentista
Que nunca foi à escola.
*
ZEALBERTO COSTA
Já ouvi muitos duelos
De cantadores famosos
Repentistas fabulosos
Como os três irmãos Batista,
Grande Pinto do Monteiro,
Que cantavam a esperança
Vivem agora na lembrança
Do seu povo saudosista.
*
DALINHA CATUNDA
Ai como eu queria ver,
Ciscando em meu terreiro
Este Pinto do monteiro
Repentista genial,
Que muita gente encantou.
Dele ficou na verdade
Versos e muita saudade
Deste vate sem igual.
*
ZEALBERTO COSTA
Os melhores repentistas
Nasceram aqui neste chão
Comendo charque e feijão
Com rapadura e farinha,
Aprendendo de menino
Como se faz poesia
Tocando com maestria
Nas cordas da violinha.
*
DALINHA CATUNDA
Um repentista dos bons
Me faz sorrir e chorar
Me faz até gargalhar,
Conforme a situação.
Tocando sua viola,
Ou mesmo uma rabeca
Quando o dedo ele sapeca
Balança meu coração.
*
ZEALBERTO COSTA
Cantar num “pé-de-parede”,
Pinga pra “matar a sede”,
Dormir um sono na rede
São coisas do meu sertão.
Um violeiro cantando
O povo todo escutando
Ele só improvisando
Nos oito pés de quadrão.
*
DALINHA CATUNDA
Quando um violeiro canta
A minha alma se encanta,
Minha alegria, é tanta!
Que chego a me requebrar.
E danço xote e baião,
Arrasto meu pé no chão.
Nos oito pés de quadrão,
Sem vontade de parar.
*
ROSÁRIO PINTO
Minha vida é no cordel
Ele é meu bacharel
E, quem paga o aluguel.
Ele é meu ganha-pão
Realizo meu trabalho
Se errar, pego o atalho,
Ou, então, me atrapalho
Nos oito pés a quadrão.
*
Amiga, eu também quero
Participar do lero-lero,
Na peleja sou sincero
Posso até me travesti,
Passar das saias pra calça
Sem topada, sem percalço,
Atravessar rio à balsa,
Mas, confesso que vivi.
*
Zealberto / Maceió-AL / Abril/2011
Dalinha Catunda / Rio de Janeiro-RJ
Rosário Pinto / Rio de Janeiro
Foto: Dalinha Catunda




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